O mês de setembro marca duas campanhas de saúde que visam conscientizar a população: a prevenção ao suicídio (Setembro Amarelo) e o incentivo à doação de órgãos (Setembro Verde).
A farmácia pode atuar de maneira ativa como ponto de apoio à saúde mental, disseminar informações sobre a doação de órgãos e reforçar empatia e cuidado no atendimento. Saiba como sua loja pode impactar positivamente a comunidade.
Setembro Amarelo alerta para a saúde mental
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, os casos de suicídio aumentaram 43% em uma década: foram 9.454 registros em 2010 contra 13.523 em 2019.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que, para cada suicídio, podem ocorrer até 20 tentativas frustradas. No Brasil, a taxa nacional gira em torno de 6,5 a 8 suicídios por 100 mil habitantes, com cerca de 14 mil mortes por ano — o que equivale a um caso a cada 40 minutos.
As causas estão, em grande parte, ligadas a condições de saúde mental não tratadas. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) destaca que 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar ou dependência química.
Esses números mostram que o suicídio é uma emergência silenciosa e crescente, e que a farmácia pode ajudar a identificar sinais de risco e orientar o cliente para o suporte adequado.
Doação de órgãos: cenário e desafios
Em 2024, o Brasil bateu recorde histórico: foram realizados 30 mil procedimentos, um crescimento de 18% em relação a 2022, segundo o Ministério da Saúde.
Ainda assim, a fila de espera continua extensa: atualmente, mais de 78 mil pessoas aguardam por um órgão, sendo o rim o mais demandado, com cerca de 80% dos casos.
Apesar do avanço, o grande desafio ainda é a negativa familiar. Estima-se que 45% das famílias brasileiras recusem a doação, muitas vezes por falta de diálogo prévio sobre a vontade do paciente.
É por isso que a campanha Setembro Verde conscientiza sobre a importância da informação e da conversa em casa: para ser doador, basta comunicar a decisão à família. Aqui, a farmácia pode contribuir distribuindo materiais informativos, orientando clientes sobre o processo e estimulando conversas que podem salvar vidas.
Por que a farmácia importa?
O local é muitas vezes o primeiro ponto de contato da comunidade com a saúde. Diferente de outros serviços, ela está aberta diariamente, próxima das pessoas e acessível sem burocracia. Essa presença torna o atendimento farmacêutico uma oportunidade de acolhimento, capaz de identificar sinais de sofrimento emocional, oferecer escuta ativa e encaminhar para ajuda especializada, como o Centro de Valorização da Vida (CVV – 188) ou unidades de saúde.
No caso da doação de órgãos, o espaço também é privilegiado para multiplicar informação. O simples ato de disponibilizar materiais informativos ou conversar com clientes pode estimular diálogos em família, fator determinante para que a decisão de doar seja respeitada. Assim, ao abraçar as campanhas de Setembro Amarelo e Verde, a farmácia desempenha seu papel social e se consolida como um ponto de apoio que salva vidas.
Sugestões práticas para atuação nas campanhas
- Visibilidade no ponto de venda: utilize faixas, laços amarelos e verdes, cartazes e displays que informem sobre prevenção ao suicídio e doação de órgãos. Isso reforça o engajamento e chama a atenção dos clientes.
- Materiais educativos: distribua folhetos oficiais do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Psiquiatria, com contatos úteis como o CVV 188. No caso da doação, explique que basta comunicar à família o desejo de doar.
- Treinamento da equipe: oriente colaboradores a adotarem postura de escuta ativa e linguagem empática. Capacite-os para indicar canais de ajuda confiáveis e para esclarecer dúvidas frequentes sobre doação.
- Ações de engajamento local: promova rodas de conversa com psicólogos, médicos ou representantes de associações de transplante da região. Pequenas ações comunitárias fortalecem a imagem da farmácia como agente de saúde.
- Campanhas digitais e redes sociais: use as plataformas do estabelecimento para compartilhar informações, depoimentos e mensagens de incentivo à prevenção e à solidariedade, ampliando o alcance das ações presenciais.
